Pão

Cozinhar significa muitas coisas pra mim, e uma delas é superação.

Sempre tentei fazer pães, mas nunca dava certo. Eu perdia o ponto da massa na hora de sovar, mesmo seguindo a receita à risca (mais tarde descobri que era esse o problema), e quando não era isso, ele não crescia ou alguma outra coisa dava errado.

Me dei bem algumas vezes com receitas de pão de massa mole, que não precisa sovar. Aquelas que basta misturar tudo, colocar na forma e assar. Ficava bom e bonito e eu nem acreditava que havia saído das minhas mãos. Era por essas receitas que eu buscava.

Mas um dia elas pararam de aparecer. Eu pesquisava e pesquisava e nunca mais achava aquelas receitas fáceis que davam certo pra mim. Precisava colocar a mão na massa.

E por que não?

Em uma visita à livraria conheci o Larousse dos pães e me apaixonei. Prometi que um dia voltaria para busca-lo e algum tempo depois comprei pela internet em uma promoção da Amazon ou da Saraiva. E me apaixonei pelas fotografias, pela história, pelas instruções e por cada receita.

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Mas acabou que encostei na minha estante porque, imagina, eu nunca seria meramente capaz de fazer um fermento natural.

Desanimei até de fazer pão.

Mas aí voltei a tentar. E foi dando certo. Comecei a adaptar as receitas que via, e foi dando certo. Entrei em grupos no Facebook e a cada dia fico mais encantada com essa arte que é a panificação, e com mais vontade de aprender e de fazer. Fazer dar certo.

E está dando certo.

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Há algumas semanas fiz um pão que a massa não crescia de jeito nenhum. Pedi ajuda à minha mãe e demos um jeito de fazer o pão crescer. Terminei a noite com um pão grande e um pão de hambúrguer.

Essa semana fiz dois pães enormes com a nova técnica de fermentação química que aprendi no episódio do pão que não crescia. Creio que tenham sido os melhores pães que já fiz. Até hoje, quem sabe.

Também essa semana em um dos grupos que participo publicaram vários vídeos de sovas de diferentes tipos de massas, das mais secas às mais hidratadas e eu fiquei pensando que jamais uma massa minha seria tão elástica e macia quanto a daquelas pessoas.

Pois hoje fiz uma massa que ficou igualzinha a de um dos vídeos e eles estão na segunda fermentação aguardando ir pra o forno.

O que me fascina é que pão é ciência pura. O que me fascina é pensar que minhas mãos e o calor delas podem transformar uma mistura de ingredientes em um alimento tão poderoso.

Desencostei meu Larousse hoje para pegar o passo-a-passo da fermentação natural. Em um cantinho da minha cozinha a vida começa a nascer a partir de 20 gramas de farinha, 20 gramas de água e 5 gramas de mel.

A razão principal por que eu amo estar na cozinha é que lá eu me supero a cada dia. Meus medos, meus erros, minhas dúvidas. Vai tudo ficando pra trás e eu transformo cada uma dessas coisas em aprendizado.

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